Começou nesta segunda-feira (21) o julgamento do processo criminal de Ana Cláudia Flor, mulher acusada de matar o marido por causa da herança. O caso está sendo julgado na 12ª Vara Criminal de Cuiabá, sob responsabilidade do juiz Flávio Miraglia Fernandes.
Uma queda de energia na Penitenciária Central do Estado (PCE) interrompeu a continuidade do julgamento, que será retomado nesta terça (22).
O crime foi registrado no dia 11 de agosto de 2020, no momento em que a vítima chegava à academia, da qual era proprietário, no bairro Santa Marta, em Cuiabá.
Um dos ouvidos neste primeiro dia de julgamento foi o professor de luta Jeferson Jemes de Paula, que ajudou nos primeiros socorros a Toni depois do atentado e ouviu do empresário que tinham confundido com outra pessoa, um agente da polícia. O treinador foi o responsável por levar o empresário para atendimento hospitalar no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC).
Ele contou que, quando prestou socorro a Toni, o empresário recebeu os tiros e voltou correndo para a academia chamando pelo treinador, mas ele não estava lá. “Meus alunos me ligaram contando o que aconteceu e eu cheguei em dois minutos”, destacou.
Jeferson Jemes destacou que mesmo baleado, Toni se manteve consciente e disse que acreditava ter sido vítima de atentado. “Ligou pra esposa [Ana Cláudia Flor], passou senhas de conta para ela e disse para cuidar das crianças. Falou para mim como ligava o carro dele, porque tinha sensor. Ele mesmo deitou no bando de trás do carro e foi conversando comigo até o HMC”, relatou em juízo.
O treinador destacou ainda que o empresário teria dito que foi vítima do atentado por engano. Segundo ele, Toni Flor acreditava que a vítima o confundiram com um policial federal que malhava na academia e tinha um carro igual ao dele.
Outro detalhe repassado pelo treinador foi quanto a rotina de treinos de Toni Flor. Segundo Jeferson Jemes, somente a família de Toni Flor sabia dos novos dias de treinamento do empresário.
Questionado sobre o relacionamento de Toni com Ana Flor, o treinador destacou que o amigo não falava sobre questões familiares.
Investigação
Três homens teriam sido contratados pela empresária e, após o crime, a arma foi jogada no Lago de Manso. A princípio, a suspeita era que Toni foi confundido com um agente da Polícia Federal (PF).
De acordo com o delegado, o homem que efetuou cinco disparos contra Toni confessou que Ana Cláudia negociou o valor de R$ 20 mil para cada criminoso.
Segundo ele, essa negociação foi feita durante uma videochamada.
O delegado disse ainda que o interesse da mulher na herança e a tentativa de esconder outro relacionamento podem ter motivado o crime. Em 2019, Ana registrou um boletim de ocorrência onde afirmou que foi agredida por Toni após ele flagrar uma conversa dela com outro homem pelo WhatsApp.
A polícia investiga se há ligação dos supostos amantes com o crime.
De acordo com o delegado, algumas perguntas feitas por Ana Cláudia causaram estranheza. Ela teria questionado se havia imagens do local e se apenas a confissão do atirador poderia condenar alguém.
As prisões são temporárias e as investigações terminam nos próximos 30 dias.
Morte
O crime foi registrado no dia 11 de agosto de 2020, no momento em que a vítima chegava à academia, da qual era proprietário, no bairro Santa Marta, em Cuiabá. O suspeito estava em frente ao estabelecimento, de cabeça baixa, e perguntou pelo nome da vítima, que ao responder foi baleada.
A vítima correu para o interior da academia, sendo socorrida e encaminhada para o HMC, com quatro ferimentos.
Toni chegou ao hospital consciente, sendo encaminhado imediatamente para cirurgia, porém, não resistiu aos ferimentos e morreu dois dias depois.