Mais duas pessoas procuraram a Polícia Civil nessa quinta-feira (17) afirmando terem sido vítimas do padre Nelson Koch, 54 anos, que foi preso suspeito de estuprar crianças e adolescentes dentro da igreja onde atuava, em Sinop, no norte do estado. Uma das vítimas, atualmente com 15 anos, afirmou que começou a ser abusada pelo religioso quando tinha 7 anos.
O padre, que atua na Diocese de Sinop, passou por audiência de custódia na qual foi mantida a prisão dele.
A defesa do padre informou que irá se manifestar sobre o caso após tomar conhecimento dos documentos que instruem o processo na Justiça.
“Ontem falei com duas pessoas, já adultas, que falaram que foram vítimas dele quando eram crianças e adolescentes”, disse o delegado Pablo Carneiro nesta sexta-feira (18).
Segundo o delegado, até o final do dia será divulgado um número de telefone específico para denúncias. Ele acredita que pode haver mais vítimas.
O pároco está na Penitenciária Dr. Osvaldo Florentino Leite, conhecida como Ferrugem, em Sinop.
Entenda o caso
Além da prisão, a Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão em uma chácara onde o suspeito mora. No local, foram apreendidos celulares e computadores para verificar se há conteúdo de pornografia infantil. Um dos celulares usados pelo suspeito estava formatado, segundo a polícia.
As ordens judiciais foram deferidas pela 2ª Vara Criminal de Sinop na noite de quarta-feira (16).
O delegado responsável pela investigação, Pablo Bonifácio Carneiro, afirmou que até agora foram identificadas duas vítimas, ambas do sexo masculino. Algumas testemunhas também foram ouvidas.
“As pessoas que sofreram, que foram abusados por esse cidadão, seja na igreja, seja na residência particular dele, se apresentem, pois é necessário ter uma punição mais severa para esses casos”, pontuou.
De acordo com o delegado, a mãe de um dos adolescentes declarou que o filho trabalha desde o ano passado na igreja liderada pelo religioso e teria sofrido abusos sexuais praticados em diferentes períodos.
Em depoimento especial, o adolescente confirmou que o investigado cometeu os abusos quando ele tinha 7, 13 e 15 anos.
Outro adolescente, de 17 anos, também ouvido pela Polícia Civil, confirmou que o padre cometeu estupros contra ele nos últimos três anos.
“Entrevistamos pessoas que frequentavam a igreja e dois desses adolescentes narraram abusos que começaram com passar as mãos nas nádegas, nos órgãos genitais, esse tipo de coisa. Uma das vítimas teria gravado o padre levando ela para um banheiro dentro do quarto paroquial”, contou o delegado.
As vítimas, conforme apontou as investigações, eram ameaçadas pelo líder religioso, que afirmava ser uma pessoa de influência na comunidade.
A polícia também representou pelo afastamento do sigilo de dados e pela autorização de acesso e extração de dados contidos nos aparelhos eletrônicos apreendidos na casa do suspeito, que serão analisados pela equipe da delegacia especializada.
Padre chora à caminho da delegacia
O delegado Pablo contou ainda que, numa entrevista preliminar, durante o trajeto da casa do padre até a delegacia, o suspeito lamentou o ocorrido e afirmou que tudo o que ele fez foi consentido pelas vítimas.
“[O padre diz] que todos os relacionamentos que teve com esses adolescentes teriam sido consentidos e que eles até pediam. A gente lamenta, mas é muito comum. Na verdade, isso tem sido muito comum com os sacerdotes”, disse.
Segundo o delegado, o religioso demonstrou arrependimento e chorou afirmando que deixaria de ser padre e que queria preservar a igreja.
Afastamento da Igreja
A Diocese Sagrado Coração de Jesus de Sinop informou que em 14 de fevereiro recebeu oficialmente a denúncia de membros de uma família contra o padre e que foi aberto um procedimento administrativo para apurar o caso. Ele também foi afastado da funções.