O Projeto Dignidade completou 10 anos, nesta sexta-feira (10.12), desde que foi implementado no Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC), garantindo a segurança, dignidade e direito à população LGBTQIA+ em situação de privação de liberdade. Além de assegurar o direito dessas pessoas, o programa ainda foi fundamental para criação da ala arco-íris na unidade.
A celebração foi realizada pela Secretaria Adjunta de Administração Penitenciária (Saap) da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), em parceria com a Comissão Permanente de Acompanhamento da Política de Atenção e Atendimento da População LGBTQIA+ em situação de privação de liberdade no Estado de Mato Grosso.
Na ocasião, 18 reeducandos que estão nesta ala contaram com uma manhã de programação e ações voltadas para visibilidade dessa população. Houve momentos de diálogo com as autoridades presentes, vídeo e apresentação de resgate histórico do Projeto Dignidade, além de apresentação cultural.
O desembargador Orlando Perri, destacou a importância do projeto aos reeducandos e parabenizou o diretor da unidade pela implantação do programa, que traz dignidade a essas pessoas.
“O Projeto Dignidade é um programa fundamental e hoje está completando 10 anos trazendo acolhimento e respeito às pessoas LGBTQIA+. O diretor do CRC está de parabéns por desenvolver um projeto como este a essas pessoas privadas de liberdade”, pontuou o desembargador.
O juiz titular da 2ª Vara Criminal da comarca de Cuiabá e coordenador do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF), Geraldo Fidelis, salientou o valor que projetos como este tem dentro de uma unidade penal.
“A ala arco-íris é um espaço de atenção às pessoas LGBTQIA+, sendo fundamental para garantir a segurança, o respeito e à dignidade, contribuindo na reinserção dessas pessoas. É um local onde eles podem se expressar. É preciso promover o respeito, amparo e educação a todos. Nós vamos estar aqui sempre dando o apoio para o que precisar”, destacou o juiz.
A superintendente de Políticas Penitenciárias, Sibeli Nardoni Roika, explicou que este projeto é precursor no Estado de Mato Grosso. “O Projeto Dignidade é um caso de sucesso, e hoje completa 10 anos de um trabalho que foi precursor no Estado de Mato Grosso levando dignidade à população LGBTQIA+. Ainda precisamos avançar muito e ampliar cada vez mais. Diversidade não é caridade, diversidade é direito”, enfatizou.
Desde 2011, Mato Grosso conta com o Projeto Dignidade, que busca potencializar o processo de ressocialização às pessoas LGBTQIA+. Neste período, já foram ofertados cursos de manicure, diálogo com autoridades e planejamento de outras ações. Até mesmo o casamento de pessoas LGBTQIA+ já ocorreu nestes 10 anos na ala arco-íris.
A reeducanda Iscainelly Lúcio Miranda da Silva, comemorou e destacou a importância que esta ala tem na sua vida. “Poder ter este espaço que promove dignidade é muito importante, hoje eu posso dizer que eu tenho a liberdade de expressar o que eu sou. Sou uma travesti, caminhando para a transição de gênero. Me sinto muito feliz em comemorar estes 10 anos da ala arco-íris”.
Ao final da celebração no CRC, houve uma apresentação cultural da Drag Queen, Petilaine Queen.
Atualmente, Mato Grosso conta com quatro unidades penais que possuem ala específica para pessoas LGBTQIA+. Estão presentes nas penitenciárias de Água Boa, Rondonópolis, Sinop e no CRC. Ao todo, 60 pessoas integram estas alas.
Ação de beleza
Dezoito pessoas privadas de liberdade que estão na ala arco-íris do CRC, participaram da “ação de beleza”, que ocorreu nesta quinta-feira (09.12). A ação proporcionou aos reeducandos um momento para renovar a sua autoestima, com serviços e cuidados pessoais. Houve escova, penteado, tintura de cabelo, maquiagem e manicure.
(Com supervisão de Julia Oviedo)