A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) avança no combate à hanseníase em Mato Grosso. Em parceria com o Instituto Aliança Contra a Hanseníase, o Estado recebe duas novas oficinas de adaptação de calçados e elabora um Manual Orientativo para os Cuidados em Hanseníase.
O balanço positivo foi feito pela Dra. Laila de Laguiche, hansenologista e presidente do Instituto, que oferta suporte científico, educacional e filantrópico na medida em que auxilia as ações de enfrentamento à doença em Mato Grosso.
De acordo com a especialista, as oficinas de adaptação de calçados serão instaladas em municípios que contam com uma Unidade de Atenção Especializada para o compartilhamento de cuidados voltados às pessoas acometidas pela hanseníase.
“Nós da Aliança Contra a Hanseníase estamos muito contentes com essa parceria público-privada. Estamos avançando, não necessariamente com a velocidade que gostaríamos pois tivemos a pandemia neste meio tempo, mas estamos entregando duas oficinas de adaptação de calçados – uma em Tangará da Serra e outra em Alta Floresta. E também promoveremos a capacitação dos profissionais para poder calçar melhor os pacientes atingidos pela hanseníase”, explicou.
Além das entregas e capacitações já realizadas por meio da parceria, a hansenologista explica que a associação AAL também desenvolveu o projeto TechHansen, que disponibiliza aos profissionais do Estado uma série de materiais voltados para a qualidade de vida de pacientes com sequelas da hanseníase.
“Nós oferecemos a possibilidade de os profissionais de saúde prescreverem e solicitarem, pelo nosso site, objetos de tecnologia assistiva que ajudam na qualidade de vida dos pacientes. Esses materiais não são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como luvas térmicas de proteção, tiras especializadas, pinças, lubrificantes ocular e nasal. São objetos simples, mas que mudam a vida do paciente”, disse a doutora, ao pontuar que os itens são importantes para pacientes que perdem a sensibilidade da pele ou passam por amputação.
Hanseníase em Mato Grosso
Mato Grosso apresenta níveis considerados hiperendêmicos para a hanseníase há muitos anos. Considerando os últimos cinco anos, 2018 destacou-se pelo maior número de casos novos e pela maior taxa de detecção da doença, com 4.678 casos, representando 138,30 casos novos por 100.000 habitantes. O ano de 2019 seguiu a mesma tendência, com leve decréscimo.
Contudo, em 2020, foram diagnosticados 2.517 casos novos de hanseníase no estado, um decréscimo abrupto e não esperado pela tendência estatística e comportamental da doença. De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), a diminuição do número de casos pode ser reflexo da pandemia da Covid-19, que trouxe dificuldades no acesso da população aos serviços de saúde.
Comparando a curva epidemiológica da hanseníase entre 2019 e 2020, estima-se que mais de 50% de casos novos deixaram de ser diagnosticados em todo o mundo – o que também pode ser observado no Brasil e em Mato Grosso.
Neste contexto, o Estado trabalha no sentido de capacitar os profissionais para a detecção precoce da hanseníase e para o melhor atendimento dos pacientes. A SES-MT tem um projeto robusto denominado “Mato Grosso em Redes: Cuidado Integral em Hanseníase”, que integra o plano de ações da saúde.
“No que se refere ao combate à hanseníase, de 2016 a 2019, a SES qualificou cerca de 2 mil profissionais que atuam em Mato Grosso. Neste cenário, Mato Grosso faz um grande esforço junto à Atenção Primária, com um trabalho efetivo de qualificação das equipes de saúde”, ponderou o secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo.
Algumas das vertentes de trabalho perpassam as áreas da educação e comunicação e saúde, que precisam ser efetivadas como suporte às ações assistenciais. Desta forma, o objetivo é dinamizar a participação da sociedade no enfrentamento da hanseníase no estado.