A recuperação da aprendizagem e o aspecto socioemocional são grandes desafios no retorno das atividades da educação na modalidade híbrida. Os dois temas foram debatidos durante lives realizadas pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT), que tiveram participações especiais da diretora do Centro de Excelência e Inovação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Cláudia Costin, e da idealizadora da Escola da Inteligência, Camila Cury. O retorno no modo de ensino híbrido nas escolas estaduais ocorreu na terça-feira (03.08) em Mato Grosso.
Com o tema “Recuperação da Aprendizagem Pós-Pandemia”, Cláudia Costin, que também atuou na formulação o objetivo para o desenvolvimento sustentável do Banco Mundial (ODS 4), da Agenda 2030 da ONU, reitera que o alcance das metas de educação de qualidade, inclusiva e equitativa, requer monitoramento da aprendizagem e equipes capacitadas a trabalhar com dados.
Ao explanar sobre o panorama da educação, Cláudia Costin afirma que os profissionais da educação foram os protagonistas nas diferentes adequações pedagógicas e técnicas cotidianas ao proporcionar a educação continuada.
“É preciso ter uma gestão que pensa em maneiras de reestruturar a continuação do semestre letivo, com foco na recuperação da aprendizagem. No sistema híbrido, e com avaliações contínuas, visamos a redução da desigualdade educacional”, enfatiza.
Planejamento
Secretário de Estado de Educação, Alan Porto reforça que há mais de seis meses o Governo de Mato Grosso prepara a retomada do 2º semestre, com atividades na modalidade híbrida, e a concretização deste momento é resultado do esforço de todos os profissionais da educação. “É para os estudantes que estamos fazendo o nosso melhor. É para eles toda a nossa dedicação e esforço diário. Foram meses nos preparando para chegarmos ao dia de hoje”.
Dentro dos apontamentos levantados por Cláudia Costin, o secretário destaca que Mato Grosso já está em processo avançado. A recuperação da aprendizagem é o foco do retorno das atividades na modalidade híbrida e, para isso, a Seduc possui um planejamento concreto, que inclui desde a formação continuada dos professores, que já teve início, a avaliação diagnóstica dos estudantes, além da adoção de material paradidático complementar e do Sistema Estrutura de Ensino.
Transformações
O panorama da reaprendizagem de ensino apresenta os benefícios e os desafios de “ser professor em tempos de mudança”. Nas palavras da executiva Cláudia Costin, as aulas não presenciais proporcionaram que transformações que estavam distantes do chão da escola – a exemplo da cultura digital de alunos e professores, a conectividade de escolas e residências na agenda dos gestores públicos; além do desenvolvimento de competências – empatia e adaptabilidade – se fizessem presentes no cotidiano dos alunos, podendo ser aplicados nos próximos anos letivos.
“Os professores e demais profissionais da educação viveram, na prática, os tempos de mudança do mundo virtual. O ensino remoto é o exemplo disso. Com habilidades ainda em formação, são muitos os casos de professores que passaram a se ver diante das telas. Com o retorno às aulas, o momento agora é uma oportunidade de uma educação transformada”, reflete Costin.
Socioemocional
Psicóloga e estudiosa da inteligência emocional, Camila Cury falou sobre “O acolhimento socioemocional no retorno das atividades presenciais”, expondo a formação de “engenheiros de ideias”, isto é, a formação de alunos além das práticas pedagógicas, aptos ao pensamento crítico. “Como falar em educação 4.0 sem falar em inteligência emocional? Como formar jovens preparados para automação do mercado de trabalho?”.
Ela chamou a atenção para saúde emocional dos alunos e profissionais da educação. Durante a live, Cury realçou as consequências da globalização e a importância da informação articulada.
“As dificuldades de manter alunos motivados em meio aos hábitos da sociedade 4.0 podem tanto estar ligadas ao comportamento emocional do aluno, como podem ser pela informação desestruturada, pelo excesso”.
Uma vez a abordagem socioemocional inserida nas práticas do corpo pedagógico, com estímulos visuais planejados, esse aluno passa a apresentar mudanças comportamentais de aprendizagem.
Planos de ação
O secretário Alan Porto reforçou que o aspecto socioemocional é um dos focos do material complementar, que passa a ser adotado este semestre. O material ainda traz Consciência Fonológica e Educação Financeira.
Além disso, enfatiza a implementação do novo Ensino Médio, a partir de 2022, que flexibiliza o currículo escolar, com aprofundamento na área de interesse dos estudantes.
Há ainda o Profissão 4.0, que visa preparar o estudante para o mercado de trabalho atual. Por meio deste programa, os estudantes terão acesso a conhecimentos teóricos de tecnologia em cursos rápidos e ainda terão equipamentos para colocar em prática o que aprenderem, com aplicações de designer em computador e impressão de protótipos. Também vão aprender sobre robótica, terão aulas de inglês e informática.
Semana de acolhimento
As lives inaugurais fizeram parte da semana de acolhimento aos profissionais da educação. Ao encerrar os questionamentos, Cury aponta que a emoção dita a qualidade do registro. Se em uma ponta temos a preparação dos profissionais da escola, é preciso também pensar no emocional dos alunos.
“A dica que deixo aos gestores educacionais é que ao pensar no processo nos impactos desse tempo fora da sala de aula. Com isso é possível trabalhar melhor registro do conhecimento”, declara a psicóloga.
As lives podem ser assistidas pela página oficial da Seduc-MT. Confira no link a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=X1ulPfoGuvE