O presidente foi provocado para comentar a proposta de privatização da companhia, que está em análise pelo Congresso Nacional. Ele aproveitou para comparar a situação de estatais e bancos públicos em seu governo e em gestões anteriores.
“Não, não vou discutir contigo. Não vim para discutir com ninguém aqui. Agora, quase tudo que é público é levado para a corrupção. Olha, como é que eram estatais no passado? A Caixa Econômica, em dois anos, dá mais lucro que em 10 anos anteriores”, exemplificou.
E enumerou também Ceagesp, Itaipu Binacional e Banco do Brasil. “Cada diretoria era um partido que mandava. Agora, o pessoal que é contra a privatização? Está de brincadeira, né? Porque se eu sair daqui e voltar o PT…”, iniciou ele.
Em seguida, o apoiador perguntou se a conta de luz vai aumentar em razão da privatização. Bolsonaro, então, se irritou:
“Você sabe o imposto que é pago na sua cidade? De luz? Você não sabe, então, não discuta comigo. Eu sei que você é sindicalista aí. Então, esse discurso, não vou aceitar discutir aqui sobre privatização. Bem, se não privatizar acaba tendo um caos no sistema energético no Brasil, porque roubaram tanto, roubaram tanto… Que ninguém fala nisso”, apontou.
Também citou o PT como razão para prejuízos. “A ‘petralhada’ roubou tanto no Brasil que dava prejuízo de mais ou menos R$ 70 bilhões por ano. Agora, está dando lucro. Tem que ver isso, pô.”
A conversa de Bolsonaro com apoiadores foi divulgada por um canal no YouTube simpático ao presidente.
Greve
Na terça-feira (15/6), funcionários da Eletrobras cruzaram os braços em protesto contra a privatização da empresa e o descumprimento de cláusulas do acordo coletivo de trabalho (ACT).
De acordo com o Sindicato dos Urbanitários, a adesão é de 70% dos trabalhadores. A greve deve ocorrer por 72 horas. A manifestação começou à 0h de terça. Os trabalhadores são contrários à Medida Provisória (MP) 1.031/2021, que facilita a privatização da Eletrobras, e temem demissões em massa.
A MP foi apresentada em fevereiro deste ano pelo governo federal. Há tentativas para privatização da estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia desde o governo Michel Temer (MDB). A companhia é responsável por 30% da energia gerada no Brasil.
A medida provisória tem validade até 22 de junho e precisa ser aprovada pelo Congresso até essa data para ser convertida em lei. Ela foi aprovada pela Câmara dos Deputados, onde recebeu 313 votos a favor, ante 166 contra.
Na terça, o Senado se reuniu em audiência pública para debater a medida, com participação do ex-ministro de Minas e Energia Nelson Hubner Moreira e o ex-presidente da Chesf Mozart Bandeira Arnaud. A votação na Casa é prevista para esta quarta-feira (16/6).