Um pai de santo foi preso pela Polícia Civil na manhã desta quarta-feira em Cosmos, Zona Oeste do Rio, durante uma investigação sobre violência sexual. Mario Luiz da Silva, o Pai Mario, é acusado de abusar sexualmente das suas vítimas por mais de dez anos sob pretexto de que estaria fazendo uma “limpeza espiritual”.
O religioso foi preso, por meio de um mandado de prisão temporária, na Estrada da Paciência e levado para a 35ª DP (Campo Grande), na Zona Oeste do Rio. Ele foi autuado por estupro de vulnerável, estupro e posse sexual mediante fraude. Com o acusado, também foram apreendidos dois telefones celulares. De acordo com a investigação, Mario também registrava alguns dos abusos nos aparelhos.
De acordo com a Polícia Civil, pelo menos cinco pessoas já teriam reconhecido o homem. Uma das vítimas ainda seria menor de idade, tendo 16 no atualmente, e teria sido abusada por Mario Luiz desde os 7.
As vítimas estão sendo acompanhadas pelo Instituto Nacional de Combate à Violência Familiar (INCVF). As investigações seguem em andamento em busca de outras possíveis vítimas.
O inquérito começou quando as vítimas procuram o instituto após a divulgação da campanha Maio Laranja, dedicada ao combate à violência sexual infantil. De acordo com os relatos, Pai Mario se utilizava das festas e dos banhos de piscina para abusar das frequentadoras de seu espaço. Segundo elas, o religioso alegava que estava realizando a tal “limpeza espiritual” a mando da entidade, que, segundo ele, não via cunho sexual nos atos. As vítimas garantem, no entanto, que o suspeito não estaria incorporado em nenhum desses momentos.
— Ele se aproveitava do fato de ser uma pessoa muito respeitada na comunidade para praticar os atos. Todas as vítimas são mulheres e, em alguns casos, os abusos começaram quando elas ainda eram crianças — disse advogado Jeanderson Kozlonsky, do INCVF.
Ainda segundo os depoimentos, além de cometer violência sexual, Pai Mario também intimidava e ameaçava suas vítimas, dizendo que, caso elas contassem alguma coisa sobre o que havia acontecido, ele realizaria “feitiçaria” contra elas.
Mario Luiz da Silva seguirá preso pelo prazo de 30 dias, que poderá ser renovado ou transformado em prisão preventiva. A defesa do acusado ainda não foi divulgada.
O delegado Davi Rodrigues espera que, com a prisão do religioso, outras vítimas possam se sentir encorajadas a realizar denúncias e venham a procurar a delegacia de Campo Grande. O INCVF também está à disposição para acolher outras possíveis vítimas.