Depois de 35 anos, Mato Grosso voltará a sediar, com time mandante, jogos da série A do Campeonato Brasileiro, maior evento esportivo do País. Para isso, foi reativada a Câmara Temática de Grandes Eventos pela Secretaria de Estado de Segurança Pública nesta segunda-feira (17.05).
A Câmara Temática atuou durante os jogos da Copa do Mundo realizados em Cuiabá, em 2014, e agora retoma suas atividades para o planejamento e organização da segurança na série A do Brasileirão. O Cuiabá Esporte Clube deve disputar com 19 times jogos na Arena Pantanal até dezembro.
Até o final do primeiro turno do Campeonato Brasileiro, os jogos devem permanecer fechados ao público, conforme informou o diretor de Competições da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF), Diogo Carvalho. Na próxima quinta-feira (20), haverá uma reunião com a CBF para definir as diretrizes de como será o quantitativo de pessoas para trabalhar dentro do estádio como imprensa e pessoas ligadas aos órgãos públicos.
“Ainda não há previsão de volta do público nos estádios. Falam em liberar 10%, 20%, mas neste primeiro momento, até o fim do primeiro turno, não há previsão de retorno do público. Estamos aguardando definição da CBF, mas se houver algo diferente, vamos comunicar a todos”.
Uma das definições da reunião desta segunda-feira foi estabelecer um Procedimento Operacional Padrão (POP) criando rotina para que cada um dos integrantes, o Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos, Ministério Público, Defensoria Pública, Polícia Militar, Polícia Judiciária Civil, Politec, Corpo de Bombeiros e a Polícia Penal. Durante as partidas, todos esses órgãos vão ficar em um espaço dentro da Arena Pantanal em atendimento aos casos dos crimes previstos no Estatuto do Torcedor.
“Assim como na Copa do Mundo as agências que participam dos grandes eventos vão estar dentro da arena. O Juizado é deslocado para Arena e fica mais fácil para decisão da magistrada que fará alinhamento com o MP e a Defensoria. O nosso papel da segurança é se colocar a disposição. Vamos trabalhar com cenários com jogos com portões fechados e com a possível reabertura”, destacou o secretário de Estado de Segurança Pública, Alexandre Bustamante.
Confusões e aglomeração no entorno
A magistrada Patrícia Ceni, do Juizado Especial do Torcedor, destacou que mesmo com os jogos com portões fechados, o Estatuto do Torcedor prevê que quem praticar atos de violência e vandalismo em um raio de 5 km dos estádios, promover confusão ou invadir o campo pode ser punido com o pagamento de multa, banimento dos locais das partidas e prisão de um a dois anos.
“Os primeiros jogos que são do Cuiabá contra o Juventude e o Atlético Goianiense, acredito que não deva atrair tantas pessoas no entorno da Arena, como deve acontecer no jogo contra o Flamengo. A vinda de outros times do Rio e de São Paulo devem atrair muitas pessoas para os bares no entorno da Arena Pantanal”, destacou. O Cuiabá enfrenta o Flamengo, no dia 1º de julho, às 19 horas.
O comandante do 10º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel PM Luís Fernando Oliveira Dias, planeja atuar com três cenários, assim como é feita avaliação de risco pela Polícia Militar do Rio de Janeiro. A quantidade de efetivo empregada depende se é com portões fechados, quem vai jogar e a situação do time no campeonato.
“Fora e dentro dos estádios, a segurança é uma atuação Público Privada. A responsabilidade da segurança interna é do time, mas a segurança e a vida do cidadão também é responsabilidade do Estado. Temos que estar preparados! No Rio de Janeiro, o jogo do Flamengo contra o Internacional foi estressante no entorno do estádio”.
Foi definido que o Batalhão de Trânsito será responsável pela escolta dos times, o efetivo do 10º Batalhão, se necessário com reforço de policiais do 1° e 2º Comando Regional, pela segurança do entorno. Já a Rotam, que é o Batalhão de Choque, estarão dentro do estádio.
Centro de triagem x jogos da série A
O secretário adjunto de Esportes e Lazer de Mato Grosso, Jefferson Neves, destacou que a pasta esta trabalhando de forma cronológica para obtenção dos alvarás de segurança e pânico de forma gradativa, pois ainda não há previsão de jogos abertos ao público e que a Arena Pantanal passa por reforma.
“Esse alvará não será liberado pleno agora exatamente porque temos o Centro de Triagem da Covid-19, Centro de Distribuição de Alimentos funcionando. A gente acredita que o público será liberado para o estádio a partir do momento que a pandemia estiver mais controlada e aí não terá sentido de ter o centro de triagem na Arena”.
Como ainda os jogos serão com portões fechados, o Centro de Triagem vai continuar funcionando em paralelo, conforme informou Jefferson Neves. “A gente experimentou isso na série B e fomos modelo de atuação a nivel nacional. Compramos túnel de desinfecção para que todos os jogadores que chegassem na arena passassem por ele. O Centro de Triagem é interrompido 5 horas antes do jogo e todo espaço, inclusive os que não são usados, são desinfectados. Tivemos todo esse controle na série B já pensando no acesso a seria A”.
Também participaram da reunião na Sesp o promotor de Justiça Mauro Poderoso; o delegado Regional de Cuiabá, Wagner Bassi; o gerente do Serviço de Operações Especiais do Sistema Penitenciário (SOE), Edson Cassimiro da Silva Filho; o coordenador de Perícias em Vivos da Politec, João Marcos Rondon de Lima; comandante regional de Cuiabá do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel BM Wendell Carlos Arruda Silva, além dos secretários adjuntos da Segurança Pública.