Aos 18 anos, o várzea-grandense Alexandre Alves da Silva se destaca no mundo profissional do voleibol. Hoje, cursando Educação Física na Unicesumar, em São Paulo, joga como central no sub-23 e ponteiro no sub-18. E nesta segunda-feira (17.05), ele fez questão de retornar ao local onde a sua história, marcada por superação, teve início, na Escola Estadual Maria Arlete da Silva, em Várzea Grande (MT).
Durante a reinauguração da unidade escolar, Alexandre afirmou que foi ali, diante de inúmeras dificuldades pessoais e estruturais, que o sonho começou. Com a nova estrutura, acredita que muitos outros jovens terão grandes oportunidades e vão se destacar no mundo esportivo.
“Além de aluno, me tornar um atleta foi muito difícil, porque não tínhamos nada disso aqui. Toda esta estrutura foi sonhada por muito tempo, por nós e por muitos. Sou muito agradecido a todas as pessoas que passaram na minha vida e não me deixaram desistir, mesmo diante de tantas dificuldades”, destacou o jovem atleta.
Alexandre afirmou que a nova estrutura, inclusive para os alunos poderem praticar as atividades esportivas, é uma vitória de todos que por ali passaram e aqueles que continuam. “Peço aos novos alunos que continuem o legado que deixamos. Ver toda essa estrutura é realmente um grande sonho realizado e tenho certeza que o ambiente é uma grande motivação”.
A diretora da escola, Maria Fernanda Gazeta, afirma que Alexandre é um dos seus “filhos adotivos” e ressalta que a história do aluno é importante para todos entenderem um pouco do que a obra, entregue pelo governador Mauro Mendes e pelo secretário de Estado de Educação, Alan Porto, representa para a vida da comunidade.
“Ele presenciou toda a parte difícil e, infelizmente, não vai usufruir da parte boa porque ele hoje é um dos nossos ex-atletas, formado pelo meu amigo Demétrios (professor de educação física). Hoje mora em São Paulo, joga vôlei por uma universidade de lá, e foi um dos frutos que colhemos com tanta luz, dedicação e amor”, destacou com orgulho Maria Fernanda.
Superação
Alexandre começou a treinar vôlei quando, no 4º Ano do Ensino Fundamental, se matriculou na Escola Estadual do bairro Asa Bela, em Várzea Grande. Em uma quadra sem cobertura, treinando em baixo de sol e chuva, afirma que viu a sua vida transformar.
Com um metro e 56 centímetros e cerca de 80 quilos, era o mais baixo e pesado da turma. Lembra que nem mesmo o pai acreditava em seu potencial no esporte e que nunca era escolhido para fazer parte dos times.
Mas a perseverança e os treinos mudaram o destino. Ele começou a emagrecer e a crescer e do banco, se tornou titular do time. As vitórias começaram a fazer parte de sua vida e hoje, na antiga escola, faz questão de mostrar, na sala lotada de troféus, que muitos fazem parte da sua superação.
Alexandre conta que a escola era a mais próxima de sua casa e, por isso, foi a escolhida pelos pais. Sem infraestrutura adequada, lembra dos dias que, com os amigos, tinha que usar o rodo para tirar a água da quadra para treinar. Os treinos, muitas vezes, eram realizados no pátio da escola, onde, devido às irregularidades do piso, acabava se machucando.
Em outras ocasiões, a praça do bairro era o local mais apropriado, devido à falta de iluminação na escola. Mas até mesmo no escuro ele treinava com os colegas.
Hoje, com muito orgulho, relata que o vôlei da Escola Estadual Arlete Maria “teve nome” na sua geração.
A primeira vitória marcante, cita, ocorreu em 2015, quando ainda era reserva. Um campeonato em Sinop (500 km ao norte de Cuiabá). Na época, Alexandre relata que não sabia rodar posição, mas teve que encarar o desafio e o time conseguiu o segundo lugar. De lá para cá, as vitórias passaram a fazer parte de seu currículo.
“Estar num ambiente como está hoje, com material incrível, é muito motivador. Espero que a escola revele muitos mais talentos”, concluiu.
Otimismo
A diretora Maria Fernanda garantiu que a nova estrutura vai triplicar o número de troféus já conquistados pelos alunos da escola. Hoje, na unidade, os alunos treinam voleibol, vôlei de areia, atletismo e futsal. O próximo esporte a entrar na grade será o basquetebol.
“A quadra poliesportiva é nossa menina dos olhos. Ela vai engajar todos nos projetos esportivos. Os estudantes terão onde treinar com toda a segurança”, destacou, completando que possui uma equipe de excelência e a escola vai trazer muito mais orgulho para Várzea Grande. “Vocês ainda vão ouvir falar muito da Escola Maria Arlete da Silva em todo o estado de Mato Grosso”.
No evento, a diretora solicitou ao governador Mauro Mendes ajuda para construir a quadra de vôlei de areia e a pista para o atletismo. Na escola há espaço para as estruturas.
Após ouvir a diretora e conhecer toda a história de vitória dos alunos e esforço dos professores, o governador afirmou que o investimento “está autorizado”.
O secretário Alan Porto lembrou que existe na Seduc o recurso descentralizado, no total de R$ 33 mil, que pode ser solicitado duas vezes ao ano e pode ser utilizado para as melhorias no esporte.
Mudanças
Depois de 10 anos de obras paralisadas, com aulas até em salas sem piso ou de madeira, mofadas, os estudantes dos bairros Asa Bela e Jardim Eldorado, em Várzea Grande, vão encontrar um cenário completamente diferente quando puderem retornar para as salas de aula.
A unidade escolar tem 30 anos e recebeu a primeira reforma geral e uma nova quadra poliesportiva. O investimento feito pelo Governo de Mato Grosso na reforma geral da escola foi de R$ 2.657.582,95.